Impressões de dias de ansiedade

Ela é quem enlouquece aguardando uma mensagem, uma ligação, um sinal de fumaça. Muito acostumada com promessas feitas e não cumpridas, na esperança que seja diferente, pelo menos dessa vez. Ele disse que poderiam ir ao show juntos e foram. Ele convidou pra outro show, um mês depois, e depois pra outro apenas em fevereiro... três meses depois. Isso deu sentido de perpetuação, de que dessa vez iria durar. Mas a dúvida ataca. Ataca o estômago e talvez o fígado. Ela espera que seus encontros sejam não só de carne, mas de sentimento também, porque carne sem sentimento pode ser qualquer carne, e ela não quer ser qualquer uma. Então, ela se força a lembrar das promessa feitas e cumpridas, e das outras que ele fez que ela aguarda que sejam cumpridas. Mas ela duvida disso. Viveu dias com os pés volitantes que a fizeram muito bem e teme que novamente tenha sido trocada, eliminada, sem satisfação alguma. Torce pras impressões que teve serem verdadeiras, de que esse seja homem, não moleque. E, novamente se força a lembrar de coisas positivas, mas dessa vez, do tempo em que ela nem pensava em conhecê-lo, do tempo não distante, de que ela nem sabia da sua existência. Do tempo em que ela finalmente estava plena e não precisava, nem procurava por ninguém. Sem querer, ela se prepara para perder, o que de fato, nunca foi seu. Ou foi? Ainda é?

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