Deixa chover

Era mais uma tarde quente. Ninguém esperava que pudesse mesmo chover, apesar de a previsão do tempo dizer que choveria até o final daquele dia. Eu estava tranquila na cozinha, preparando um café, quando comecei a ouvir trovoadas. Minha atenção passou do paladar para a audição. Então percebi que o ambiente estava ficando mais escuro e isso acontece quando anoitece ou quando as nuvens tomam conta do céu. Eram só 16 horas para estar anoitecendo.

Continuei na cozinha, assistindo a fumacinha que começava a sair da chaleira. O apito baixinho que a panela fazia foi abafado por um estrondo repentino. Era a chuva caindo. Se eu pudesse descrever de forma clara, diria que viraram, de uma só vez, um balde d'água lá do alto. Eu, como adoro chuva, comecei a rir da situação. Ninguém estava de fato esperando uma chuva, ainda mais uma assim, que chega chegando. Apaguei o fogo e fui correndo fechar as janelas.

No meu quarto o chão estava muito molhado, a chuva caía justo na direção da minha janela. Estava quente. Junto com a chuva, o vento amenizava o calor. Cheguei na janela para fechá-la e não conseguia ver cinco metros à frente. Estava tudo completamente branco, tomado pela água. A chuva caía e eu deixei que ela me molhasse. Eu me esqueci do café na cozinha. Fiquei ali, inteira, sentindo a chuva e a alegria que aquilo estava me causando. Poderia descer as escadas e ir pro quintal, me molhar por inteiro. Não quis. Aquilo me bastava. Ouvia e sentia as gotas caírem na minha pele. Coloquei meu tronco pra fora e recebi! Era só eu e a chuva.


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