Lembranças



Apareceu aqui em casa um punhado de jambo. É punhado mesmo, e até essa palavra faz parte das minhas lembranças e do que o jambo evoca. Na mesma hora, perguntei pra minha avó se eles eram da árvore da casa dela. Brincando, claro. Ela sorriu com um sorriso meio triste. Acho que na mesma hora ela também teve a imagem daquela árvore enorme que ficava plantada no quintal entre a porta da varanda e a garagem. O pé da fruta que meu avô subia com tanta desenvoltura, apesar da atura, e que enfeitava com lâmpadas coloridas no natal, assim como o pé de pitanga. Mas era incrível saber que meu avô quem havia subido e enfeitado tudo.

Eu não subia pois tinha muito medo de cair. Meus primos e irmãos subiam, tranquilamente, ajudavam a colher as frutas e desciam para comermos juntos. A fruta não tem cheiro, mas quando mordida, tem cheiro de domingo na casa da vó. Faz lembrar também que debaixo daquela mesma árvore, tinha um instrumento que eu nem sei o nome, que rendia deliciosos caldos de cana. Tudo que o vô colhia e depois passava ali. Te falar que hoje eu não aguento nem um gole da bebida, de tão doce que eu acho, mas essas coisas todas, mesmo que não façam parte mais da minha rotina, me trazem lembranças. Daquelas que ficam cheias de teia, no fundo da caixa de memórias que a gente reduz a uma única palavrinha 'cabeça'. Lembranças que são ativadas por uma cor pálida, de uma fruta pequena, com uma mordida oca e cheia de perfume!

O pé de jambo teve de ser arrancado pois ameaçava a estrutura da casa. O moedor de cana deve ter ido pra casa de algum tio, a vó tá aqui S2 e meu avô, ele também... Sempre!

Primeiro eu agradeço pela leitura e se você, ao ler esse meu relato, lembrou de algo que também evoca lembranças... comenta aqui. Vou ficar feliz em saber o que te afaga sem precisar, necessariamente, estar perto de você.
p.s. eu não achei foto de jambo no Unsplash, eu não sei de quem é essa foto... peguei no mundosaudavel.org

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