A arte de viajar - Alain de Botton

Foto com capa do livro de Alain de Botton

Peguei esse livro emprestado com minha irmã, que ama viajar mas está meio limitada para isso... trabalhando muito, criança pequena. São limitadores sim, por mais que digam que não, que é tranquilo, tem o quesito idealização. É mais ou menos sobre isso que o primeiro capítulo do livro fala.

A gente escolhe um lugar, sonha em estar no lugar, planeja tudo com detalhes, do dia da viagem até o pôr-do-sol na beira da praia no dia tal, no horário X. Então, chega no dia, a paisagem é aquilo tudo que você imaginou? Nem sempre. Fotografias são manipuladas, com ângulos perfeitos e filtros que deixam tudo mais bonito. Tem ainda a companhia. Talvez esse lugar seja melhor sozinho ou a sua companhia simplesmente não imaginou a mesma coisa que você e lá está você entusiasmado e sua companhia prostrada. Vocês discutem e pronto, ainda tem 10 dias pela frente e parece que a viagem acabou. Ou então, aquela paisagem tá lá, linda e um tá grudado no celular, ou num livro. E a paisagem está lá. Você está onde?

Estar no lugar, presente, de corpo e alma e aproveitar o que o local nos oferece. Fazer uma meditação mindfulness pela manhã, antes de sair do quarto, pra entrar no personagem "turista" e aproveitar cada pedacinho e cada segundo. Ressignificar o que já conhecemos e reconhecer o que achamos que sabíamos sobre o local. Tanto de cultura quanto de paisagens. Antes da minha viagem, sonhada viagem, pra Itália, eu fiz questão de não andar pelas cidades como Google Street View. Eu queria ver tudo com meus próprios olhos. O máximo que fiz foi olhar indicações em sites e no TripAdvisor, marcar com estrelinhas no mapa o que eu queria conhecer e só.

"Mas nada disso significou que a atração de Flaubert pelo Egito foi equivocada. Ele apenas substituiu uma imagem absurdamente idealizada por outra, mais realista, mas ainda assim de admiração profunda, trocando o entusiasmo juvenil por um amor elevado."

Ou você simplesmente tem a mente de Flaubert e une as duas imagens, a da idealização e a real. O que também é maravilhoso. Ninguém enxerga como o outro. Cada um vê de acordo com o que conhece desde o dia do nascimento, então, eu posso ver detalhes que passaram despercebidos pelos outros visitantes. O que não significa que o outro seja medíocre, apenas são pontos de vista diferentes. Daí a importância de se entregar e mergulhar no que te interessa, com seus olhos e suas braçadas. Aí está a arte de viajar. Um dos segredos da boa viagem, se integrar e se entregar. 

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