Roube como um artista - Austin Kleon

#resenha


Roube como um artista, de Austin Kleon, é um livro leve e fácil de ser lido. Carregado de informação e várias ideias interessantes de como você pode desenvolver sua criatividade.

Roubando

Roubar como um artista significa saber captar ideias e tendências, sem medo de parecer cópia pois tudo que existe hoje é cópia de algo. Tudo o que temos acesso se mistura na nossa cabeça e brota em forma de criação. Tudo se torna referência, nada é de fato novo. O bom artista/criador, apenas sabe selecionar o que é bom de ser roubado e, para isso, o autor sugere que se crie um banco de ideias roubadas. O Pinterest é um ótimo aplicativo para isso, mas ele sugere fazer o que você pode fazer, como tirar fotos ou recortar mesmo. O que importa é você fazer um arquivo que seja acessível.

Algo que Kleon fala é uma teoria que eu já havia ouvido sobre dinheiro, que você é a média dos cinco amigos/contatos mais íntimo. Se juntar todos e tirar a média, chega-se no valor aproximado da sua renda. Então, o ideal é estar rodeado de pessoas prósperas e abundantes, financeiramente falando, caso a sua intenção seja ter muita grana. Ele diz que isso funciona também para o caso da criatividade, que o ideal é um artista estar rodeado de pessoas altamente criativas e que você deve se preocupar em estar sempre na rodinha dos mais fodas. Caso você seja o mais foda da rodinha, arrume outra rodinha. Isso inclui a internet. Siga apenas pessoas interessantes, que te inspire. Preste atenção no que elas fazem, como elas fazem.

Pesquisar, perguntar, estudar. Isso são coisas que uma mente criativa sempre faz  e você não pode fazer menos que isso. Sobre tudo! Pesquise sobre absolutamente tudo que lhe traz o mínimo de curiosidade e vá  passando de uma curiosidade para outra, isso só agrega mais informação e informação é valor.

Mal de artistas/criativos

O que percebo em várias pessoas como eu, é o que ele relata no livro: esperamos saber exatamente quem somos ou o que queremos fazer para depois realmente começar. Ele propõe sermos ousados e  começarmos. No caminho a gente descobre. Tem a tal síndrome do impostor que ronda mais as mulheres do que os homens, por algum motivo que eu ainda não posso dizer com certeza, mas tem a ver com o mundo patriarcal em que vivemos. Você se sente incapaz de fazer algo, não sente que pode passar um conhecimento, que não sabe o suficiente para aquilo. Ele sugere que finjamos ser o que queremos ser até que consigamos de fato ser. Na verdade quando ele diz isso, está propondo que a gente crie uma rotina sobre aquilo. Não apenas uma atuação, mas que a gente realmente incorpore a rotina do personagem. Acho isso muito válido, até porquê nesse caminho de fingir ser, você pode acabar descobrindo  que na verdade não quer aquilo.

Eu não sabia o que era a tal profissão de UX/UI mas via muitas vagas de emprego e vi que esses profissionais ganham até bem. Cismei que queria aprender e fazer aquilo. Então, meu irmão que trabalha em uma empresa de tecnologia, veio trabalhar aqui em casa e eu pedi para que ele me mostrasse o que ele fazia. Foi maravilhoso! Eu odiei o serviço dele!!! Ainda bem que eu tive alguém pra me mostrar a prática, pra eu ver se aquilo que eu estava imaginando era mesmo a realidade do que eu gostaria de fazer.

Então você pode começar seu processo criativo copiando alguém que você admira. Copie muito. Nunca será igual. Se você for um bom ladrão, seu trabalho nunca será pior do que o que foi roubado. Para desenvolver toda a criatividade, ele sugere utilizar formas manuais de criação. Todos os dias, um momento longe da tecnologia. Estimula também o cultivo de hobbies e projetos paralelos. Isso é ótimo para multipotenciais como eu! Ter vários projetos em andamento. Cansou de um, passa pra outro. Cansou do outro, volta pro um… e assim vai. Ele chama isso de ócio criativo. Ali você pode acabar descobrindo algo muito interessante. Além dos projetos paralelos e hobbies, ele diz que não devemos ficar apenas focados em algo, podemos nos distrair completamente. Cultive suas paixões, deixe que elas interajam entre elas. Insights podem surgir em momentos de ócio, criativo ou não. Ele diz que “hobby é algo que dá e não tira”. Com sorte, você acaba descobrindo a intercessão entre algo que você ama fazer e algo que você possa ganhar dinheiro com aquilo. O melhor de ser anônimo, desconhecido é poder testar, errar e tentar de novo. Aproveite essa fase.

Saia de casa. Procure lugares que o alimente criativa, social, espiritual e literalmente. Se puder ser outra cultura, outro país, melhor ainda. Ver como fazem as coisas e como vivem outras culturas é mágico. Mergulhar nisso pode trazer novas formas de você desenvolver seu serviço.

Apareça

Depois de ter seu trabalho finalizado, compartilhe. A internet é um ótimo lugar para isso. Kleon diz uma coisa que tenho percebido um enorme movimento, diz que devemos entregar nosso serviço, ensinar como se faz (óbvio que não devemos entregar tudo, entregar os pontos sem conectá-los) e se você for reconhecido como bom naquilo, acabarão pagando para você fazer aquilo, ou ensinar, ou seja… pagarão para você fazer algo que fazia de graça. Então ele sugere algo muito interessante, como o livro inteiro, que devemos colocar nosso projetos na internet mesmo que não estejam finalizados, mostrar o processo ou ainda, trabalhos não iniciados. Isso instiga as pessoas.

Daí ele lembra uma coisa: quando colocamos algo a público, perdemos o domínio sobre os comentários. Podem vir comentários bons e ruins. Ignore os ruins. Atenha-se aos bons e faça amizades! E não seja como a maioria dos haiters, se achar algo ruim, faça melhor. Ele sugere inclusive melhorar algo e enviar para o criativo que fez um trabalho marromeno, você pode acabar ganhando um fã ou amigo. Você não apenas criticou o trabalho de alguém, você mostrou seu ponto de vista sobre aquilo. E, sempre que receber elogios, guarde. Podem ser bons para os momentos de desânimo. No marketing digital, as pessoas utilizam isso para ganhar autoridade. Expõe as opiniões e agradecimentos para estimular mais aplausos e possíveis vendas do serviço/produto.

“Reclame do modo como as pessoas fazem softwares fazendo softwares” - Andre Torrez

Sem segredos

Por fim, mantenha-se criativo. Se você tem um emprego fixo, permaneça nele até que possa ganhar dinheiro suficiente apenas com o que ama. Faça o que quer que seja com consistência, para isso, marque tudo num calendário. Os pequenos passos fazem a grande caminhada.

E, de tudo o que você recolhe por aí para seu banco de criatividade, saiba o que não colocar. Use o que você tem agora. “Limitação é liberdade [...] Criatividade não é apenas o que escolhemos usar, são as coisas que escolhemos deixar de fora.”

Posso dizer que limitar seria mais abrangente do que no ato de criar, abranger seu banco de dados criativos e envolve não só o que se consome, mas também os contatos que se faz, conversas que se tem, cuidado, curadoria do que realmente entra na sua vida. Provocar bons contatos e bons consumos. E não posso deixar de dizer que o autor desse livro é também um multipotencial que soube bem trabalhar todas as suas potencialidades  criativas.

No livro ainda tem algumas ideias de calendário e diário de bordo, dessa viagem que é viver o dia a dia. Pra melhorar nosso aspecto criativo, depois desse livro, Austin escreveu um diário com atividades que nos ajudam a liberar o ser criativo. Já quero.

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