Preguiça de trabalhar pra mim mesma

Eu preciso compartilhar uma coisa com você que está me lendo. Mesmo que você não me conheça... 

Austin Chan | Unsplash


Eu investi muito do meu tempo em uma pós graduação de Comunicação e Marketing em Mídias Digitais. Sem falar  no dinheiro que isso leva junto. Investi muito tempo, muito, em cursos gratuitos voltados para o marketing em mídias digitais, focando bem na mídia que eu mais gosto (ou gostava) que é o Instagram. No ano passado fiquei muito tempo fazendo esses cursos da Rock Content, paguei uns cursos de Branding e design gráfico em plataformas de ensino a distância. Comprei um acesso ao close friends da maravilhosa Branding Labs e o curso Social Media Exponencial, que o Rafael Kiso, da MLabs, ministra brilhantemente. Assisti várias lives dele e da Martha Gabriel e de outros criadores de conteúdo que falam muito bem e sabem o que estão falando na prática.

Então eu esperei terminar o curso do Rafael pra colocar tudo em prática, juntando com as milhões de anotações que eu fiz e já havia sintetizado. Aí, eu travei. Consigo pensar em ações para marcas e outras empresas, projeto gráfico, cores, identidade visual... mas não pra mim. Custei a encontrar cores que eu goste e que tenha a ver comigo, tive que fazer uma pesquisa da minha paleta de cores pessoal. Sou inverno profundo, se quiser saber. Dentro da gama de cores dessa paleta tem as minha preferidas e então eu pude adequar a misturinha e me sentir confortável com as cores que eu possivelmente usaria em uma identidade visual. Não tenho um símbolo ou algo que me represente. Vinho e café não tem muito a ver com o meu nicho né? Pois é. Pra incrementar mais o negócio todo, eu vou iniciar o curso de Design de Ambientes. Como misturar isso tudo?

Mas antes de eu pensar nisso tudo, eu meditei sobre o motivo de eu travar e a verdade é que eu não acredito mais no meu trabalho. Não no que eu faço, mas no meio que ele se desenvolve. Vamos ver se eu consigo explicar o que eu sinto. Dentro do Instagram temos regras a seguir para atingir uma parcela de pessoas, se quisermos atingir uma parcela maior precisamos dar dinheiro para a empresa responsável, o Facebook. Se eu não concordar, o problema é meu. Se eu concordar, eu apenas tenho que dançar de acordo com a música que eles resolvem tocar e pronto, eu gostando ou não do que está tocando. E eu sempre fui contra fazer o que não quero, não sou obrigada a nada! Mas esse trabalho me condiciona a isso. Estamos sendo condicionados.

Eu gostava quando o Instagram era verdadeiro, quando as pessoas eram de verdade, quando não faziam 'publi' nem expunham vidas que não existem ou que só existem naquele minuto. Quando o filtro era pra envelhecer a foto, colocar bordas e ruídos, tudo pra parecer que eram fotos tiradas de uma máquina Polaroid antiga, imagens instantâneas como essas máquinas fazem. Aliás, você já viu a logo/ícone do Instagram? É uma máquina Polaroid. As pessoas perderam a instantaneidade. 

E eu então travo por ter um dilema moral. Eu gosto de criar posts como esses que faço aqui, gosto de falar o que eu penso sobre as coisas, dividir o que eu sei, o que eu aprendo, o que eu conheço. Eu gosto de criar conteúdo. Eu não gosto de 'ter que' criar pensando na jornada do cliente, pensando em qual parte do funil de vendas estão meus clientes ou qual parcela eu vou atingir falando o que eu estou falando naquele momento. Eu não quero pensar nisso. Não são todos ratos de laboratório que irão cair na minha ratoeira a qualquer momento, aliás, no momento programado para que eles caiam. Eu só quero compartilhar o que eu sei. Tem muita gente fazendo isso e tem dado muito certo, mas eu travo e meu estômago embrulha sempre que eu penso nisso. Por mais que eu esteja escolhendo outra profissão agora (antes tarde do que nunca), eu precisarei dessa que eu tenho hoje para me manter enquanto a outra não se efetivar.

Então, quando você estiver com algum problema em realizar uma tarefa, não brigue com ela ou consigo mesmo, apenas pare, respire e pense qual o motivo de aquilo estar acontecendo. Eu estava procrastinando até os cursos nesses últimos meses. Abria o site, levantava e ia limpar a casa. Decidia que precisava fazer um bolo ou que tinha uma conversa muito indispensável num grupo de WhatsApp ou pegava meu cachorro pra dar uma volta ou ficava conversando com ele como se ele que precisasse se animar. Claramente eu tinha um problema, ainda tenho. Vou me guiar para produzir conteúdo sem prensar em funil de vendas, apenas compartilhar o que sei e quem quiser que aproveite. Pra ver se pelo menos assim eu começo a me movimentar.



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