Como realmente somos?

Ele sempre foi uma pessoa nervosa, ansiosa, chato pra caramba. As piadas na maior parte das vezes não tinha graça, aquele humor inglês. Ele quase nunca fazia piadas. Era sério carrancudo, pra ele quem ria muito não era digno de confiança. 

Na rua a cara era outra, quem o via o achava tranquilo e, num determinado dia o observei de longe, quando passou um estranho e ele deu um sorriso. O problema era então dentro de casa?

No trabalho era admirado pela postura e pelo profissionalismo. As obras produzidas eram bem vistas e os estagiários ou os novatos que passavam por ele como mentor eram muito agradecidos e as palavras eram algo como "adoro seu pai, ótimo professor, um cara tão bacana".

Mas ele voltava pra casa e estava nublado.

De uns anos pra cá ele vem mudando. À medida que os remédios fazem efeito, sua ansiedade é diminuída, o mau humor não existe mais. Vai ficando para trás, assim como as coisas que acabaram de acontecer. Me pergunto se ele sempre foi assim, a relação com a família teria sido muito melhor. 

É como se estivesse passando uma borracha. Meu pai está se apagando.


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