Ego e crenças limitantes

Anthony Tran/Unsplash

Tenho seguido menos pessoas nas redes sociais e minhas conexões têm sido interessantes. Percebi que as pessoas que me conecto, uma hora ou outra, acabam se mostrando com o mesmo tipo de fé que eu, a mesma ironia, o jeito de falar mais engraçado ou despreocupado em usar termos técnicos. Tem isso também, eu seguia muitas pessoas que pudessem me ensinar  algo, mesmo que eu não gostasse do jeito da pessoa mas aquilo estava me consumindo. Quando eu falo jeito é, na verdade, a transparência. Eu gosto de pessoas transparentes, que não aparentam ser algo que não são. Então, eu me conectei com uma profissional que não se importa em mostrar seu dia-a-dia, e alguns insights que tem mesmo fora do campo do trabalho mas que afetam o trabalho. Claro, tudo bem pensado, ela não fica postando as coisas sem sentido, até porque ela dá um curso sobre posicionamento no Instagram. 

Bom, ela colocou uma coisa que fez sentido para mim. Como ela teve muitas dificuldades enquanto crescia, uma vida financeiramente instável devido ao pai ser impulsivo e pouco cauteloso quanto aos investimentos que fazia, ela se vê, hoje, se cobrando muito por estabilidade e com medo de que a qualquer hora, o negócio dela vá ruir. Veja bem, mesmo com consciência de tudo isso, de que são crenças e que o ego dela faz isso para protegê-la e evitar que isso ocorra, mesmo que ela saiba que ela faz tudo o que pode fazer e faz muito bem, a insegurança bate.

Aí, nesse momento em que a ouvi, pensei que o fato de eu estar sempre estudando, querendo sempre melhorar, aprender mais e mais e mais e mais... incansavelmente, não é só por eu gostar de aprender, não é só por eu querer melhorar meus processos e diminuir meu tempo de trabalho. Não é sobre eu otimizar meu serviço, é sobre eu achar que nunca serei o suficientemente boa. Esses pensamentos aparecem com um milésimo de segundos. 

Então eu me conscientizei da situação e pensei: o que eu posso fazer para reverter esse pensamento, esse sentimento de insuficiência? Mas o aspecto negativo foi construído por anos na minha mente, e pior, foi incutido na fase de formação, que é a fase que faz com que a gente tenha segurança para seguir a vida com nossos próprios pezinhos, falar por nós mesmos o que queremos. 

A analogia que faço aqui é a seguinte: uma pessoa que por 30 anos teve hábitos alimentares errados, não será em 3 semanas que ela conseguirá mudar sua constituição física. Por mais que digam que é necessário apenas 14 ou 21 dias para se adquirir novos hábitos, essa pessoa pode mudar seu pensamento e sua forma de se alimentar, pode se exercitar, mas estará ali, sob a sua pele, 30 anos de gordura acumulada. As crenças são assim. Não sou especialista, mas sofro do mau das crenças limitantes e sei do que estou falando por experiência própria. Eu identifico a crença (como essa que acabei de identificar). Você acha que foi a primeira vez que ela foi identificada? Não, eu já vi ela antes, encarei e lutei muitas vezes e com armas diferentes. Essa mesma crença aparece em várias situações em formatos diversos, não só no trabalho. Por mais que algumas pessoas me digam o quanto eu sou boa, eu até ironizo dizendo que sou mesmo, mas lá no fundo tá o "não é não, se fosse boa mesmo blá blá blá blá"

A insuficiência, o não o bastante, são confirmados sempre que eu olho para minha situação atual. Se eu fosse realmente boa, suficientemente boa, estaria onde estou? Seria o que sou? E sempre tem alguém para reafirmar que não sou boa ou que não deveria nem estar fazendo o que eu quero fazer pois ali só os excelentes (e eu não sou excelente pra isso). Daí você diz que eu preciso fazer terapia. Preciso, e acho que todo mundo precisa. Todo mundo tem alguma questão a ser resolvida ou melhorada, mas a terapia é como o obeso ir à academia sem ter controle do que se alimenta. Quem fala sobre controlar o ego, os pensamentos e mudar o 'mindset', será que essa pessoa se curou de todas as crenças ou só vende a ideia de que isso ocorreu? 

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